Tudo
começou quando a produtora Katia Machado, tocada pela história de Zezé,
resolveu adaptar “Meu Pé de Laranja Lima”. O livro de José Mauro de Vasconcelos
vendeu mais de 1 milhão de exemplares no País, foi traduzido para 52 línguas e,
na Coreia do Sul, chegou a ganhar uma edição em quadrinhos.
De
novo no Brasil, originou um filme (em 1970) e três telenovelas. Katia
encomendou o roteiro a seu amigo Marcos Bernstein. Ocorreu o que poderia
parecer improvável - Bernstein gostou tanto da história e do próprio roteiro
(que escreveu com Melanie Dimantas) que só faltou suplicar a Katia que o
deixasse dirigir. Ela topou, e fez muito bem.
“Meu
Pé de Laranja Lima”, que estreia nesta sexta-feira, 19, em mais de cem salas, é
um belo filme e um provável candidato a best-seller.
É
verdade que o livro alcançou esse número extraordinário ao longo de quase meio
século, ou seja, atravessando gerações. Mas, se o boca a boca funcionar,
Bernstein e Katia podem sonhar com o sucesso. Será merecido. E o importante é
que o filme é bom. Bernstein tem currículo. Coescreveu, com João Emanuel
Carneiro (autor de “Avenida Brasil”), o roteiro de “Central do Brasil”, de
Walter Salles. Dirigiu “Do Outro Lado da Rua”, com Fernanda Montenegro e Raul
Cortez. Que ninguém espere dele uma versão derramada da história do menino que
foge da miséria de sua pequena vida refugiando-se no mundo da imaginação.
Zezé
elege a árvore do título como amiga (e confidente). A versão de 1970, de
Aurélio Teixeira, carregava nos sentimentos para arrancar lágrimas. Bernstein
chega a ser minimalista. Ele diz que nunca viu “O Corvo Amarelo”, clássico
japonês (de Heinesuke Gosho), famoso pelo uso da cor, também sobre a infância
carente, do qual seu filme parece herdeiro.
Humano e para todos
A
história é regional e vira universal por sua humanidade. “Meu Pé de Laranja
Lima já participou de festivais no exterior e, em toda parte, o público se
interessa pelos personagens, se comove com a narrativa”, conta Bernstein.
“No
Festival de Roma, foi escolhido por um júri de jovens como o melhor filme infanto-juvenil.”
E tem mais. “A história de Zezé é um triunfo da imaginação. Para quem vive de
contar histórias, como eu, seja como roteirista ou diretor, tem tudo a ver.”
Era
um filme cheio de desafios. Criança, árvore, não falta nem mesmo um trem como
personagem decisivo na trama. “O trem, como a própria árvore, é essencial. Como
se faz isso? Filmei com o mesmo sentimento com que escrevemos, Melanie e eu.
Mas o filme não seria tão bom sem esse elenco maravilhoso.” Bernstein conseguiu
reunir atores como José de Abreu, Fernanda Viana (do Grupo Galpão), Caco
Ciocler. O grande achado foi o garoto João Guilherme Ávila, que faz Zezé.
“Ele
é ótimo. Fizemos uma preparação, mas quando chegava a hora de filmar dava para
ver a entrega”, diz o diretor.
O
garoto retribui os elogios. “Foi muito legal fazer o filme com todos esses
grandes atores. Foram generosos comigo. É muito bom poder dizer que fiquei
amigo do Zé, do Caco.”
Zé de Abreu vem de um dos maiores
sucessos de sua carreira - o Nilo da novela “Avenida Brasil”. Ele se surpreende
com o alcance da novela. “Filmamos antes do estouro de Avenida Brasil. Teria
sido muito mais complicado, se o filme tivesse sido feito durante, ou depois.”
As filmagens foram realizadas em Cataguases, interior de Minas, onde o pioneiro
Humberto Mauro iniciou, nos anos 1920 e 30, um ciclo fundamental do cinema
brasileiro.
Fonte: Agência Estado
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