“Ele
[Lorentz] dominava a física e a matemática e, de igual maneira, dominava-se a
si mesmo sem dificuldade e com serenidade constante. Nele a ausência de
fraqueza humana jamais deprimia seus semelhantes. Cada um sentia sua superioridade,
mas ninguém se acabrunhava por isso. Embora tivesse grande intuição dos homens
e das situações, conservava extrema cortesia. Jamais agia por constrangimento,
mas por espírito de serviço e de auxílio mútuo. Extremamente consciencioso,
concedia a cada coisa a importância devida, porém não mais. Seu temperamento
muito alegre o protegia. Olhos e sorriso se divertiam. Apesar de totalmente
devotado ao conhecimento científico, estava convencido de que nossa compreensão
não pode ir muito longe na essência das coisas. Esta atitude, meio cética, meio
humilde, só vim a compreendê-la verdadeiramente em idade mais avançada.
A linguagem, ou pelo menos a minha, não
pode corresponder corretamente às exigências deste ensaio de reflexão à
respeito de H. A. Lorentz. Queria então tentar lembrar-me de duas curtas
sentenças de Lorentz. Elas tiveram sobre mim profunda influência: ‘Sou feliz
por pertencer a uma nção pequena demais para cometer grandes loucuras’. Em conversa,
durante a Primeira Guerra Mundial, com um homem que tentava persuadi-lo de que
os destinos se forjam pela força e pela violência, respondeu: ‘O senhor talvez
tenha razão, mas eu não gostaria de viver num universo assim’’’.
Albert
Einstein, in Como vejo o mundo
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