sexta-feira, 8 de março de 2013

Deliberações sobre mim

“Se os deuses deliberaram sobre mim e sobre o que deve acontecer-me, deliberaram bem, pois não é fácil de imaginar um deus que não delibere. Quanto a fazer-me mal, por que teriam eles qualquer desejo nesse sentido? Que vantagem resultaria disso para eles ou para o todo, que é o objeto principal de sua Providência? Se eles não deliberaram sobre mim como indivíduo, certamente determinaram ao menos sobre o todo, e o que acontece por via de consequência nessa ordenação geral eu devo aceitar de bom grado e dar-me por satisfeito. Mas se eles não deliberarem sobre coisa alguma (seria ímpio crer nisso; então, não deveríamos mais sacrificar, nem orar, nem jurar por eles, nem fazer mais nada do que fazíamos na crença de que os deuses estivessem presentes e ligados às nossas vidas), se, com efeito, eles não deliberam sobre aquilo que nos diz respeito, é a mim que cabe deliberar sobre mim mesmo e eu posso indagar sobre o que me é conveniente. E convém a cada um o que é conforme à sua própria constituição e natureza; e minha natureza é racional e associativa."
Marco Aurélio, in Meditações

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