Beatriz Aragão foi
professorinha primária por toda a sua vida. Aposentada, mora hoje na cidade de São José do Egito e é irmã de Antonio
de Catarina, bebe umas caninhas, por que ninguém é de ferro, e sempre gostou de
forró, para dar vazão à sua alma festeira.
Uma vez, chegando num
lugarejo chamado Ponta Direita, perto do Bomfim, distrito de São José do Egito,
estava havendo lá um autêntico forró de sala de reboco, com direito a
sanfona de fole rasgado e batuque de melê.
O sanfoneiro, um dos
piores da região, só conhecia uma música que se intitulava “Fogo
Pagô”, grande sucesso do nosso
cancioneiro regional, de um compositor chamado Rivaldo Serrano, gravada na
época pelo inesquecível Luiz Gonzaga.
A música tratava da
trágica morte pelas mãos assassinas de um menino malvado, de um tipo de rolinha
que habita os pés-de-serra e que os sertanejos chamam de cascavel porque quando
levanta vôo suas asas emitem um barulho igual ao guizo da temível serpente.
Chamam também de Fogo-Pagô, por causa do seu canto triste.
Os versos
diziam mais ou menos assim:
"Teve
pena da rolinha
que o menino matou
mas depois que torrou a bichinha
e comeu com farinha, gostou…”
que o menino matou
mas depois que torrou a bichinha
e comeu com farinha, gostou…”
O sanfoneiro repetia sempre a mesma coisa pela noite à dentro, quando
Beatriz, já impaciente, mandou parar a sanfona:
– Ô, meu amigo, quer dizer que se esse menino não tivesse matado esse
passarinho, não ia ter forró aqui hoje?
Zelito Nunes – Histórias de Beradeiro, in
www. Bestafubana.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário