“Escrever é isto: comover para
desconvocar a angústia e aligeirar o medo, que é sempre experimentado nos povos
como uma infusão de laboratório, cada vez mais sofisticada. Eu penso que o
escritor com maior sucesso (não de livraria, mas de indignação social profunda)
é aquele que protege os homens do medo: por audácia, delírio, fantasia, piedade
ou desfiguração. Mas porque a poética precisão de dum ato humano não
corresponde totalmente à sua evidência. Ama-se a palavra, usa-se a escrita,
despertam-se as coisas do silêncio em que foram criadas. Depois de tudo,
escrever é um pouco corrigir a fortuna, que é cega, com um júbilo da Natureza,
que é precavida”.
Agustina
Bessa-Luís, in Contemplação Carinhosa da Angústia
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