A coceira no ouvido atormentava. Pegou o molho de chaves, enfiou
a mais fininha na cavidade. Coçou de leve o pavilhão, depois afundou no
orifício encerado. E rodou, virou a pontinha da chave em beatitude, à procura
daquele ponto exato em que cessaria a coceira.
Até
que, traque, ouviu o leve estalo e, a chave enfim no seu encaixe, percebeu que
a cabeça lentamente se abria.
Marina Colasanti, in Contos de amor
rasgado
Nenhum comentário:
Postar um comentário