Não faz muito tempo havia muitas porteiras nos destinos do sertão... Chegava-se às cidades atravessando muitas propriedades rurais... Tínhamos que abrir e fechá-las... Era de Lei. Ai de quem entrasse em estrada de barro na propriedade alheia e deixasse as "porteiras abertas": Nunca mais o "cabra" ia ter o gosto de passar por lá novamente. Passavam os poucos carros de então, mas o gado, o burro e o cavalo, não.
A meninada adorava e havia até disputa no carro para ver quem ia abrindo as porteiras. Vez e quando tinha um menino ou menina da porteira pra ajudar em troca de alguma moeda. Às vezes tinham muitos.
O ranger da madeira aumentava bastante quando desligava-se o carro e dava para se ouvir o silêncio e a paz das matas do sertão nordestino... e o carro seguia o seu destino deixando para trás mais um obstáculo: Mais um porteira aberta, outras tantas por abrir, muitas para serem fechadas.
João Bryto, in jabacomjerimumrn.blogspot.com
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