quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Preguiça Judicial

Maria de Seu Chico três vinténs,
Casou-se com Titico de Honório,
E resolveram os dois, que o casório,
Iria ser com repartição de bens.
Consolidada a partilha dos teréns,
Documento em cartório foi lavrado,
Terras, imóveis, troços, gado,
Pertenceria, assim, a cada qual,
Só que a primeira querela do casal,
Foi parar no birô do magistrado.

É que Maria ganhou uma novilha,
Dada pelo pai, ele, seu Chico,
Que cruzou com um garrote que Titico
Também tinha ganhado da família,
Só que o documento da partilha,
Não previa esse tipo de emperro,
E justamente por causa desse erro,
Estão, há tempo, na justiça a debater,
Num processo de litígio pra saber,
Qual dos dois é o dono do bezerro.

E enquanto espera uma sentença,
Essa novela de Maria com Titico,
Passeia pelas rodas de fuxico,
O que aumenta mais a malquerença.
A demora consolida a desavença,
E a lerdeza forense, essa preguiça,
Atiça neles o fogo da cobiça,
Pois no gado foi num foi nasce uma cria,
Tanto é, meu patrão, que hoje em dia,
Quase todo o curral tá na justiça.

Zenóbio Oliveira

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