Romano
Romano quando se assanha,
Treme o Norte e abala o Sul
Solta a bomba envenenada
Vomitando fogo azul,
Desmancha negro nos ares
Que cai virado em paul…
Treme o Norte e abala o Sul
Solta a bomba envenenada
Vomitando fogo azul,
Desmancha negro nos ares
Que cai virado em paul…
Inácio
Inaço quando se assanha,
Cai estrela, a terra treme,
O sol esbarra seu curso,
O mar abala-se e geme,
Cerca-se o mundo de fogo,
Mas o negro nada treme…
Cai estrela, a terra treme,
O sol esbarra seu curso,
O mar abala-se e geme,
Cerca-se o mundo de fogo,
Mas o negro nada treme…
Romano
Inaço, tu me conhece,
E sabe quem eu quem sou;
Eu posso te garanti
Que a Catingueira indo vou,
Vou derribá teu castelo
Que nunca se derrubou.
E sabe quem eu quem sou;
Eu posso te garanti
Que a Catingueira indo vou,
Vou derribá teu castelo
Que nunca se derrubou.
Inácio
É mais fácil um boi voar,
Um cururu ficar belo,
Aruá jogar cacete
E cobra calçar chinelo
De que haver um barbado
Que derribe meu castelo!
Um cururu ficar belo,
Aruá jogar cacete
E cobra calçar chinelo
De que haver um barbado
Que derribe meu castelo!
Romano
Antes de eu ir, oito dia,
Te mandarei um aviso;
Você tando em casa, corre
Porque você tem juízo,
E eu vou só fazê estrago:
Quebro, rasgo, queimo e piso!
Te mandarei um aviso;
Você tando em casa, corre
Porque você tem juízo,
E eu vou só fazê estrago:
Quebro, rasgo, queimo e piso!
Inácio
Quando for procure um padre
Que o ouça de confissão,
Deixe a cova bem cavada
E feita a encomendação,
Leve água benta também
E deixe feito o caixão.
Que o ouça de confissão,
Deixe a cova bem cavada
E feita a encomendação,
Leve água benta também
E deixe feito o caixão.
Inaço da Catingueira
Escravo de Manuel Luiz,
Tanto corta como risca,
Como sustenta o que diz,
Sou vigário capelão
E sanscristão da Matriz!
Escravo de Manuel Luiz,
Tanto corta como risca,
Como sustenta o que diz,
Sou vigário capelão
E sanscristão da Matriz!
Romano
Aqui é este Romano,
Dentaria de elefante,
Barbatana de baleia,
Força de trinta gigante,
É ouro que não mareia,
Pedra fina e diamante…
Dentaria de elefante,
Barbatana de baleia,
Força de trinta gigante,
É ouro que não mareia,
Pedra fina e diamante…
O pau que eu tirar de foice,
Tu não tiras de machado;
No mato que eu entrar nu,
Cabra não entra encourado;
barbatão que eu pegar solto
Boto no mato, peiado…
Tu não tiras de machado;
No mato que eu entrar nu,
Cabra não entra encourado;
barbatão que eu pegar solto
Boto no mato, peiado…
Inácio
Seu Romano inda não viu
O tamanho do meu roçado;
Grita-se aqui dum aceiro,
Ninguém ouve do outro lado.
Eu faço cousas dormindo
Que ninguém faz acordado.
O que o senhor faz em pé,
Eu faço mesmo deitado…
O tamanho do meu roçado;
Grita-se aqui dum aceiro,
Ninguém ouve do outro lado.
Eu faço cousas dormindo
Que ninguém faz acordado.
O que o senhor faz em pé,
Eu faço mesmo deitado…
Romano
No lugar onde eu campeio,
Tu mesmo não tiras gado;
Faço figura no limpo,
Faço melhor no fechado…
No poço que eu tomar pé
Você morre afogado…
Tu mesmo não tiras gado;
Faço figura no limpo,
Faço melhor no fechado…
No poço que eu tomar pé
Você morre afogado…
Inácio
Coisas que faço no mato
Ninguém faz no tabuleiro;
O que branco faz no duro
Eu faço num atoleiro.
O que faz no mês de março
Eu tenho feito em janeiro;
O negro em qualquer sendeiro,
A concessão que lhe faço
É correr no meu aceiro…
Embora o diabo lhe ajude,
Eu derrubo o boi primeiro!
Ninguém faz no tabuleiro;
O que branco faz no duro
Eu faço num atoleiro.
O que faz no mês de março
Eu tenho feito em janeiro;
O negro em qualquer sendeiro,
A concessão que lhe faço
É correr no meu aceiro…
Embora o diabo lhe ajude,
Eu derrubo o boi primeiro!
Romano
Quem se mete pro meu lado
Pode jurar que se engana
Me cortem que eu nasço sempre;
Sou que nem soca de cana.
Não me embaraço em mofundo,
Quanto mais em gitirana!
No lugar onde eu passar,
Não passa nem mucurana!…
Pode jurar que se engana
Me cortem que eu nasço sempre;
Sou que nem soca de cana.
Não me embaraço em mofundo,
Quanto mais em gitirana!
No lugar onde eu passar,
Não passa nem mucurana!…
Inácio
Nego só bebe cachaça
Caboclo bebe cauim;
Não há pequeno inimigo
Não há amigo ruim.
Eu sou como Deus me fez,
Quem me quiser é assim.
No mato em que vadiar
calangro não faz camim…
No lugá onde eu passar
Não passa nem micuim…
Caboclo bebe cauim;
Não há pequeno inimigo
Não há amigo ruim.
Eu sou como Deus me fez,
Quem me quiser é assim.
No mato em que vadiar
calangro não faz camim…
No lugá onde eu passar
Não passa nem micuim…
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