terça-feira, 19 de julho de 2011

Café

Desencarno arábias 
de uma xícara morna 
de café.
E um fio negro 
me assedia a boca.

(Através da janela 
o galho de pitanga 
ostenta seu adorno 
encarnado).

Viajo
pelo negror do pó:
Dar-El-Salam,
Bombaim,
Áden
(sem Nizan, sem Rimbaud):
as colinas ocres,
a poeira dos dias.

De onde vem o grão 
dessa saudade?

Desentranho arábias 
dessa xícara fria. 
Enquanto aguardo o dia 
que não chega.

Desacordo e sorvo
a sombra morna
do que sou
na borra
do café.

Everardo Norões, poeta cearense do Crato

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