sexta-feira, 6 de maio de 2011

Livro de Machado de Assis está entre os preferidos de Woody Allen

O cineasta Woody Allen citou o clássico "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, entre os cinco livros que mais o influenciaram em reportagem no site do jornal "The Guardian".
Allen contou que o livro foi mandado por um brasileiro desconhecido e que só o leu porque ele não era muito grande.
"Chegou pelo correio um dia. Algum desconhecido no Brasil me mandou e escreveu: 'Você vai gostar disso'. Como o livro era pequeno, eu li. Se ele fosse grosso, eu o teria descartado", disse Allen.
O diretor ainda o comparou com "O Apanhador no Campo de Centeio", escrito por J.D. Salinger.
"Eu fiquei chocado com o quão charmoso e interessante [o livro] era. Eu não conseguia acreditar que ele [Machado de Assis] viveu há tanto tempo. Você pensaria que ele escreveu o livro ontem. É tão moderno e interessante. Me chamou atenção da mesma forma que 'O Apanhador no Campo de Centeio'. Era um assunto que eu gostava e era tratado de forma bem-humorada, cheio de originalidade e sem sentimentalismo."
Postado no Ilustrada, da Folha.com

Eis a clássica Dedicatória desse livro:

"Ao verme que
primeiro roeu as frias carnes
do meu cadáver
dedico
como saudosa lembrança
estas
Memórias Póstumas".

E o intringante prefácio:

"Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, coisa é que admira e consterna. O que não admira, nem provavelmente consternará é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinquenta, nem vinte e, quando muito, dez. Dez? Talvez cinco. Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne, ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado. Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio. Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências de puro romance, ao passo que a gente frívola não achará nele o seu romance usual; ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião.
Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o primeiro remédio é fugir a um prólogo explícito e longo. O melhor prólogo é o que contém menos coisas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado. Consequentemente, evito contar o processo extraordinário que empreguei na composição destas Memórias, trabalhadas cá no outro mundo. Seria curioso, mas nimiamente extenso, e aliás desnecessário ao entendimento da obra. A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus".

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