Raimundo Paiva, pseudônimo de Dada de Dedeca, soube da notícia que Evarista, amigo dele de cachaça de Pau dos Ferros, ia botar um bar. Ora, como se sabe, dono de bar que bebe, não dá certo. Então, Dada fez esses versos, já prevendo que essa empreitada seria um fracasso.
Tudo pode acontecer
Pode o sol ficar gelado
Bin Laden ser perdoado
O que nasceu não morrer
Um defunto estremecer
Nova deixar de ser vinga
Boga perder a catinga
Dada não ser repentista
Só não pode Evarista
Vir negociar com pinga.
E me responda se pode
Juntar raposa e galinha
Tucunaré com sardinha
Ou mesmo onça com bode
Uma banda de pagode
Sem ter um só componente
Um careca usando pente
Ou um cego bom da vista
Também não pode Evarista
Negociar com aguardente.
Assim como nasce o sol
Pra iluminar a Terra
Nasce o soldado pra guerra
Um Pelé pro futebol
A munição pro paiol
Nasce o vinho pra taça
Nasce o coreto pra praça
O cinema pro artista
Só não pode Evarista
Nascer pra vender cachaça.
E se ele botar um bar
Vai ser grande o sururu
Termina ficando nu
Depois de se embriagar
No local onde comprar
Ele não paga a ninguém
Vendendo dez, toma cem
Pra poder manter o vício
Deixando no sacrifício
O dono do armazém.
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