quinta-feira, 31 de março de 2011

“É tão fácil nos enganarmos a nós mesmos sem percebê-lo, como é difícil enganarmos os outros sem que eles percebam”.
La Rochefoucauld, escritor francês

Homem: Pó

“No mundo visível, a Via Láctea é um minúsculo fragmento; dentro desse fragmento, o sistema solar é uma poeirinha infinitesimal, e dessa poeira o nosso planeta é um grão microscópico. Sobre esse grão, insignificantes conglomerados de carvão e água impura, de complicada estrutura, com propriedades físicas e químicas um tanto fora do comum, rastejam durante alguns anos, até se dissolverem de novo nos elementos que os compõem”.
                         Bertrand Russel
“Que outros se jactem das páginas que escreveram; a mim me orgulham as que tenho lido.”
                 Jorge Luís Borges

Verso e Reverso

Não me importa com as rimas, raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra”.
                   Fernando Pessoa


Vou fazer um poema rimado

para mostrar aos desavisados
que o primor da poesia
está todo na fantasia
de quem sabe realmente
rimar coisas incoerentes.
Mas com arte, necessariamente.

Soer rima com doer.
E daí? Nada a ver.
Está rimado, é notório,
parece coisa de escritório
que tem tudo certo, no lugar.
Mas não dá para variar?!
  
Ser poeta é sentir
na pele o sofrimento
e cantá-lo sem mentir:
eis todo o sentimento.

Nas entrelinhas está
o mais útil, interessante,
pois na arte de versejar
( meu leitor não é ignorante )
a rima é menos importante.

Elilson José Batista, in Miscelânea Poética.

CONPOZISSÕIS IMFÃTIS: OS ADULTOS





"Os adultos são gente crescida que vive sempre dizendo pra gente fazer isso e não fazer aquilo. Interrompem sempre o que a gente está fazendo pra mandar fazer outra coisa que a gente não quer, mas quando a gente interrompe eles por qualquer motivinho o menos que apanha é uma espinafração na frente dos de fora. Adulto promete muita coisa, agora fazer mesmo que é bom eu nunca vi. Quando a gente cobra, eles dizem que menino chato ou então falam esqueceram e vão fazer no domingo que vem. Eles sempre dizem que no seu tempo não era assim mas nunca fazem o que obrigam a gente a fazer, como apanhar tudo o que caiu no chão, andar sempre limpo e dizer somente a verdade. Os adultos também obrigam a gente a vestir muito limpinho pra ir nas festas mas eles mesmos vão de qualquer maneira que às vezes, até dá vergonha, como aquela calça toda apertadinha da mamãe e aquela toda largona do papai. Eu quando crescer vou ser adulto só porque sou obrigado senão eu ia ser sempre pequenininho."
Millôr Fernandes

Tuta-e-meia

Ah, certas banalidades:
Tuas faces
são respingos da Felicidade.

Elilson José Batista, in Miscelânea Poética.
“Quando os sabres estão enferrujados, e as enxadas polidas; quando as prisões estão vazias e os celeiros cheios; quando os degraus dos templos estão gastos pelo caminhar dos fiéis e as entradas dos tribunais cobertas de ervas; quando os médicos andam a pé e os pedreiros a cavalo, o Império é bem governado”.
  Júlio Verne 

A Felicidade Questionada

“Há dias, li o diário de um ministro francês escrito na prisão. Esse ministro havia sido condenado, na história do Panamá. Com que embriaguez, com que exaltação ele falava dos pássaros que via da janela da prisão... coisa que antes, como ministro, jamais observara. Agora que está em liberdade de novo, agora que tudo está como antes, ele provavelmente já não mais repara nos pássaros. Vocês não repararão em Moscou, quando forem morar lá. Nós não somos felizes, a felicidade não existe e o máximo que podemos fazer é desejá-la”.
Anton Tchekhov, in As Três Irmãs
Amor, então
também acaba?
Não, que eu saiba.
O que sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.
Paulo Leminski

terça-feira, 29 de março de 2011

A Mágica da Leitura

“Ler as letras de uma página é apenas um dos muitos disfarces da leitura. O astrônomo lendo um mapa de estrelas que não existem mais; o arquiteto japonês lendo a terra sobre a qual será erguida uma casa, de modo a protegê-la das forças malignas; o zoólogo lendo os rastros de animais na floresta; o jogador lendo os gestos do parceiro antes de jogar a carta vencedora; a dançarina lendo as notações do coreógrafo e o público lendo os movimentos da dançarina no palco; o tecelão lendo o desenho intrincado de um tapete sendo tecido; o organista lendo várias linhas musicais simultâneas orquestradas na página; os pais lendo no rosto do bebê sinais de alegria, medo ou admiração; o adivinho chinês lendo as marcas antigas na carapaça de uma tartaruga; o amante lendo cegamente o corpo amado à noite, sob os lençóis; o psiquiatra ajudando os pacientes a ler seus sonhos perturbadores; o pescador havaiano lendo as correntes do oceano ao mergulhar a mão na água; o agricultor lendo o tempo no céu – todos eles compartilham com os leitores de livros a arte de decifrar e traduzir signos”.
Alberto Manguel, in Uma História de Leitura

Infortúnio Versus Fortuna

“Estamos todos ligados à fortuna: para uns a cadeia é de ouro e frouxa, para outros é apertada e grosseira; mas que importa? Todos os homens participam do mesmo cativeiro, e aqueles que encadeiam os outros, não são menos algemados; pois tu não afirmarás, suponho eu, que os ferros são menos pesados quando levados no braço esquerdo. As honras prendem este, a riqueza aquele outro; este leva o peso de sua nobreza, aquele o de sua obscuridade; um curva a cabeça sob a tirania; a este sua permanência num lugar é imposta pelo exílio, àquele outro pelo sacerdócio. Toda a vida é uma escravidão. É preciso, pois, acostumar-se à sua condição, queixando-se o menos possível e não deixando escapar nenhuma das vantagens que ela possa oferecer: nenhum destino é tão insuportável que uma alma razoável não encontre qualquer coisa para consolo”.
Sêneca, In Da Tranqüilidade da Alma

Sobre a Morte - 1

“Daqui a mil anos o homem suspirará como hoje: ‘Ah! Como a vida é dura!’ Mas, da mesma maneira que hoje, terá medo e não quererá morrer”.
Anton Tchekhov, in As Três Irmãs

Epitáfio

Aqui jaz
Um homem
Que gostava de blues.


Elilson José Batista, in Miscelânea Poética.

Paz e Guerra

Haverá guerra na paz
ou paz na guerra?
A guerra é pela paz
ou a paz é para guerra?
Haverá terra sem paz?
Haverá terra sem guerra?

A terra sobreviverá
a uma nova grande guerra?
Estamos em guerra na paz
ou paz na guerra?

Os que planejam a guerra
terão consciência
ou suas mentes emperram?
Terra, Paz, Violência, Guerra.
Oh, Deus! Tudo é ilusão,
Tudo é quimera.

Elilson José Batista, in Miscelânea Poética.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Pequena Parábola

Pregou a Paz:
Pregaram-no na Cruz.


Elilson José Batista, in Miscelânea Poética.

Onde Deus Possa me Ouvir


Eis a letra e a cifra dessa bela música de Vander Lee, 
compositor mineiro. 

  D                     D7+         D    D7
  Sabe o que eu queria agora, meu bem...
  G              D/F#             Em7  A7
  Sair, chegar lá fora e encontrar alguém
           F#m7
  Que não me dissesse nada
        G7+          E7       A7
  Não me perguntasse nada também
  D                   D7+        D   D7
  Que me oferecesse um colo, um ombro
  G                 D/F#         Em7   A7
  Onde eu desaguasse todo o desengano
        F#m7
  Mas a vida anda louca
      G7+
  As pessoas andam tristes 
       E7                      A7
  Meus amigos são amigos de ninguém
  D                        D7+           D  D7  
  Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
  G           D/F#             Em7    A7
  Morar no interior do meu interior
        F#m7
  Pra entender por que se agridem
        G7+
  Se empurram pro abismo,
      E7                      A7
  Se debatem, se combatem sem saber
      D
  Meu amor...
           D7+            D
  Deixa eu chorar até cansar
          D7+          G
  Me leve pra qualquer lugar
        F#m7          Em7    A7
  Aonde Deus possa me ouvir
        D
  Minha dor...
         D7+              D
  Eu não consigo compreender
           D7       G
  Eu quero algo pra beber

          D/F#        Em7   A7
  Me deixe aqui, pode sair
     D
  Adeus.

domingo, 27 de março de 2011

1ª Edição do Correio Braziliense, editado em Londres, em junho de 1808.

Introducção

O PRIMEIRO dever do homem em sociedade he ser útil aos membros della; e cada um deve, segundo as suas forças Phisicas, ou Moraes, administrar, em beneficio da mesma, os conhecimentos, ou talentos, que a natureza, a arte, ou a educação lhe prestou. O individuo, que abrange o bem geral d’uma sociedade, vem a ser o membro mais distincto della: as luzes, que elle espalha, tiram das trevas, ou da iluzaõ, aquelles, que a ignorancia precipitou no labyrintho da apthia, da inépcia, e do engano. Ninguém mais útil pois do que aquelle que se  destina a mostrar, com evidencia, os acontecimentos do presente, e desenvolver as sombras do fucturo. Tal tem sido o trabalho dos redactores das folhas publicas, quanto estes, munidos de uma critica saã, e de uma censura adequada, representam os factos de momento, as reflexoens sobre o passado, e as soldidas conjecturas sobre o futuro.

A Natureza no auge.


Meu feliz Registro de um fruto de xique-xique no auge da maturação, no terreno por trás do Campus da UERN de Pau dos Ferros-RN, e publicado no site da Revista Cult ( a cor chamativa, bem como a cristalização do açúcar é um chamativo irresistível para os pássaros, com o objetivo da perpetuação da espécie, uma vez que o cacto, com seus espinhos, não atrai os disseminadores de sementes. Obs.: esta tese é minha, portanto sem cunho científico).

Viva a Natureza!

Às vezes o que está em nossas mãos não é o mais importante (vide flagrante registrado pelo fotógrafo Vercinho na sangria da Barragem de Pau dos Ferros).

sábado, 26 de março de 2011

Acima de tudo, o Diálogo!


Eis o que falta à humanidade: o aconchego da conversa íntima.

O Sal da Palavra

    

     Prólogo
     A brochura do livro
     Não está no meio;
     Sim, na mente.

     Renitência
     Às vezes o peixe
     Nos escapa à mão.
     Daí a relutância, persistência
     Necessária.


     Quem acendeu
     Os fachos das estrelas?

     O menino.
     Um menino equilibrista
     Numa mangueira,
     Bom de se ver.
     Frutos colhidos,
     Sugados até os ossos.

     Esse amarelo-ouro
     Não é de se pegar?

     Divagações
     A fala, eis o que sou,
     O meu discurso.
     A palavra, dita ou não,
     Vale. A palavra vã
     Também.

     As palavras do pai, mãe:
     “Não te falei?”, machuca.

     O compulsório
     Da vida
     É o fôlego.

     Há palavras insossas,
     Temperá-las é preciso.
     O sal da palavra
     Dá sabor ao dito.

     Na ponta
     Da língua
     Sinto o condimento
     Da palavra.

     Reminiscências
     O rio e seus reveses:
     Seco é o rio
     Da minha infância.
     Margem esquerda,
     Morada, 171,
     Dita rua de Baixo
     Oficial, D. Pedro II.
     Viva a anarquia
     Dos guris. Idos tempos.

     Chico Doido: olhos verdes
     Atentos, pernas
     Separadas, mãos ágeis
     Nos revólveres imaginários.
     Nosso Django. Passarim
     Grande. Um sopro
     O matou. Do coração.

     Os responsos
     De minha tia
     Não trouxeram de volta
     Os meus pertences
     Espirituais.

     A fé, esta,
     Onde está?

     Dualidade
     De que é feita
     A paixão
     -Cegueira tresloucada-
     Não nos foi dito.

     O amor, colóquio,
     Não se mede.

     Interregno
     Mire:
     O coqueiro, afeito ao solo,
     Buscando o céu.
     No mais, são insanas
     Verdades
     Ou mentiras ditas veras.

     É possível navegar
     No fio da faca.

     Fiar-me de quê?
     Os deuses são factíveis.

     O ideário do rio
     É o mar. O do
     Carrasco é a dor.

     Repare:
     De onde vem tamanho
     Sabor das
     Bagas
     Da graviola?

     O graveto flui,
     Reflui no redemoinho
     E é sorvido pela água.
     Ele somos nós.

     É forçoso dizer:
     Os últimos serão
     Os derradeiros. Quem
     Espera sempre
     Cansa.

     Peroração
     "Vá buscar a coisa
     Que está em cima
     Daquele negócio, menino.
     Vai logo, diacho".

     Sim, meu falar
     Já foi antes dito,
     Anotado, bisado, escrito,
     Recontado, reproduzido,
     E poderá ser dito,
     Anotado, bisado...

     Dizer a verdade
     Dói mais que mentir.

     Um rio é inconsútil
     Serpenteia nossos sonhos,
     Impregna
     Nossa secura.

     É com dissabor
     Que recebemos a dor.
     Mas o bem da casca
     De angico trava.
     Daí a alternância
     Bem mal bem mal bem mal.

     Telúrico
     O chão de minha terra
     É de pedregulho só.
     Será que fomos
     Feitos desse barro?
     Nuvens de pó
     E de garranchos.
     Oito meses abióticos,
     sinistros.

     Eu, pouco, meus
     Erros a mais.

     Tentâmen
     Sou introspecto:
     Logo, especulo,
     Filosofo. Daí
     Minha melancolia.

     A verdade
     (porque provável)
     está
     Na Matemática.

     O acúmulo
     Do vil metal
     É o cúmulo.

     Ao reprovar
     O autoritarismo
     Da extrema direita,
     Renego o da
     Esquerda.

Elilson José Batista, in Miscelânea Poética.
                

TV 3D Ecológica

Fotografada por mim no Bar do Aldo, em Portalegre - RN, no carnaval/2011.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Palavras



Balavra
Calavra
Dalavra
Falavra
Galavra
Halavra
Jalavra
Lalavra
Malavra
Nalavra
Palavra
Ralavra
Salavra
Talavra
Valavra
Xalavra
Zalavra.

Elilson José Batista, in Miscelânea Poética.