A
arquitetura como construir portas,
de
abrir; ou como construir o aberto;
construir,
não como ilhar e prender,
nem
construir como fechar secretos;
construir
portas abertas, em portas;
casas
exclusivamente portas e tecto.
O
arquiteto: o que abre para o homem
(tudo
se sanearia desde casas abertas)
portas
por-onde, jamais portas-contra;
por
onde, livres: ar luz razão certa.
Até
que, tantos livres o amedrontando,
renegou
dar a viver no claro e aberto.
Onde
vãos de abrir, ele foi amurando
opacos
de fechar; onde vidro, concreto;
até
fechar o homem: na capela útero,
com
confortos de matriz, outra vez feto.
João Cabral de Melo Neto, in Antologia Poética
Nenhum comentário:
Postar um comentário