terça-feira, 30 de abril de 2013

Mafalda e a poderosa crítica de valores

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Argentina e universal, personagem de Quino segue jovem aos 50: sua ironia permanece viva, numa sociedade cada vez mais desigual.

Difícil encontrar alguém que não conheça uma baixinha argentina chamada Mafalda. Seja como souvenir, estampando camisas e cartazes do movimento estudantil, ou através dos já clássicos livros-coletânea, a quase “cinquentona” menina insiste em se fazer presente. Apesar da curta trajetória (1964 a 1973), trata-se da personagem de histórias em quadrinhos (hq’s) mais popular da Argentina e uma das mais conhecidas no mundo.
Ao contrário do que muitos pensam, Mafalda não foi contemporânea da ditadura do triunvirato Videla, Massera e Agosti, conhecida como Proceso de Reorganización Nacional(1976-1983) – um dos seis golpes civil-militares pelos quais aquele país passou no século XX, com um saldo de cerca de trinta mil mortos/desaparecidos. A personagem de Quino“nasceu” na conturbada década de 1960, durante o governo de Arturo Umberto Illia(1963-1966), derrubado por outro golpe – a chamada Revolução Argentina,que colocou no poder os generais Onganía, Levingston e Lanusse. Mais exatamente, o “nascimento” deMafalda se dá no mesmo ano em que no Brasil é deflagrado o Golpe que duraria vinte e um anos.
Em seu curto período de vida, Mafalda e sua turma (ela só “existe” a partir das relações que constrói com a família e com os amigos Manolito, Miguelito, Susanita, Felipe, Libertad ) “assistiram” a inúmeros acontecimentos significativos – a caça aos comunistas pós-Revolução Cubana; as ditaduras civil-militares na América do Sul, também com forte ingerência estadunidense; o assassinato de líderes como Martin Luther King (em 1968) e Malcom X (em 1965), bem como o de Che Guevara (1967), na Bolívia, com participação da CIA; o Maio de 1968 na França, sob o lema “a imaginação no poder”, que incendiou a juventude; o Festival de Woodstock (1969), com seu pacifismo à moda flower power ; a Primavera de Praga, que tentou construir uma democracia socialista na Tchecoslováquia de Dubcek; a derrota estadunidense no Vietnã, à custa de milhares de vidas dos dois lados; a eleição de Salvador Allende no Chile (1970), a chegada do homem (estadunidense) à Lua (em 1969), no contexto da corrida espacial com a URSS; o fim dos Beatles (fato que sem dúvida afetou profundamente Mafalda…) e o tricampeonato da seleção brasileira de futebol no México (o que também não deve ter agradado os conterrâneos da “baixinha”), ambos em 1970.

Mafalda na aula de História
Até há pouco tempo, as histórias em quadrinhos “entravam” na escola pela “porta dos fundos” e, na universidade, após um pedido de desculpas. Eram considerados uma subarte, uma subliteratura, representando uma linguagem “menor” e assumindo um caráter apenas de brincadeira. Felizmente, muita coisa mudou nestes últimos trinta anos no que diz respeito ao olhar acadêmico sobre as hq’s.
A criticidade na aula de História é requisito fundamental, bem como a associação entre processos históricos e a identificação de rupturas e permanências ao longo do tempo.Mafalda faz isso a todo instante: analisa criticamente a realidade, sem buscar uma pretensa neutralidade. (Esse é outro requisito importante nos debates realizados numa aula de História: tomar partido.) Ela não aceita o mundo que “recebeu” e o questiona constantemente. Ora tem atitudes de uma criança “típica” (que tem medo, depende dos pais, é ingênua…), ora age como uma criança excepcional (não no sentido de superdotada) e constrói belas metáforas, “saindo” da dimensão do concreto que caracteriza a criança em seus anos iniciais. Lúcida, crítica, consegue discutir a Guerra do Vietnã, por exemplo, e muitas vezes colocar os adultos em situações embaraçosas.
Em minha dissertação, defendida em 2011 no Programa de Pós-Graduação em Educação da UERJ, intitulada “Mafalda na aula de História: a crítica aos elementos característicos da sociedade burguesa e a construção coletiva de sentidos contra-hegemônicos”, analiseiMafalda buscando investigar como é possível, a partir da baixinha argentina, “tocar” em elementos basilares do tipo de sociedade da qual fazemos parte, grosso modo, há mais de duzentos anos: o individualismo, a democracia burguesa, o estímulo ao consumo, a valorização do lucro, a propriedade privada, o progresso, o livre-comércio, a naturalização das diferenças, a desumanização e a competição.
Como professor da Educação Básica (Ensinos Fundamental e Médio) e do Ensino Superior, a experiência com hq’s tem sido muito rica. Como um apaixonado por Mafalda, gosto de usá-la em provas, debates, trabalhos, tentando “extrair” ao máximo sua criticidade, suas indagações diante de um mundo confuso e “ao contrário”. O curioso é que Mafalda – uma personagem criança que não foi produzida pensando no público infantil – dialoga com diferentes faixas etárias. A partir dela é possível, por exemplo, tanto debater a democracia grega com o sexto ano como problematizar o conceito de alienação, a partir da mídia e do consumo, com uma turma de graduação em Pedagogia.
As hq’s são recursos poderosos, ferramentas importantes na relação de ensinar-aprender. E Mafalda é um exemplo paradigmático, dada a atualidade da crítica e o alcance da narrativa tecida pelo artista argentino. Todavia, é fundamental lembrar que as hq’s sozinhas não tornam uma aula mais ou menos atraente, tampouco transmitem um conteúdo em toda a sua integridade.

A genialidade de Quino
Quino é um dos artistas mais completos que surgiram em nuestra America. Embora Mafalda não tenha sido editada na forma de gibi (como a Turma da Mônica, por exemplo), seja datada (trata da Guerra Fria, das ditaduras na América Latina, etc.) e tenha durado apenas sete anos, a personagem fez e continua a fazer sucesso, tendo sido traduzida em países como Japão, Noruega, Austrália – sociedades muito distintas das existentes em nosso continente.
O enorme alcance da obra de Quino (cuja genialidade vai muito além de Mafalda ) deve-se ao fato de que o artista argentino abordou questões “permanentes”, como a da liberdade ou da soberania de um povo, por exemplo. Esta talvez seja a marca fundamental de um gênio – seja Beethoven, Dostoiévski ou… Quino.
Ao responder pergunta sobre se é possível modificar algo através do humor, Quino certa vez afirmou: “Não. Acho que não. Mas ajuda. É aquele pequeno grão de areia com o qual contribuímos para que as coisas mudem”. Não tenho dúvidas de que Mafalda e sua turma representam importantes “grãos de areia” na construção de outras leituras/interpretações de nossa realidade, e logo, no limite, na construção de um outro mundo possível e necessário.
Carlos Eduardo Rebuá Oliveira, in www.outraspalavras.net

Uma procura humilde

“Essa incapacidade de atingir, de entender, é que faz com que eu, por instinto de… de quê? procure um modo de falar que me leve mais depressa ao entendimento. Esse modo, esse “estilo” (!), já foi chamado de várias coisas, mas não do que realmente e apenas é: uma procura humilde. Nunca tive um só problema de expressão, meu problema é muito mais grave: é o de concepção. Quando falo em 'humildade' refiro-me à humildade no sentido cristão (como ideal a poder ser alcançado ou não); refiro-me à humildade que vem da plena consciência de se ser realmente incapaz. E refiro-me à humildade como técnica. Virgem Maria, até eu mesma me assustei com minha falta de pudor; mas é que não é. Humildade com técnica é o seguinte: só se aproximando com humildade da coisa é que ela não escapa totalmente. Descobri este tipo de humildade, o que não deixa de ser uma forma engraçada de orgulho. Orgulho não é pecado, pelo menos não grave: orgulho é coisa infantil em que se cai como se cai em gulodice. Só que orgulho tem a enorme desvantagem de ser um erro grave, com todo o atraso que erro dá à vida, faz perder muito tempo.”
Clarice Lispector, in A paixão segundo G. H.

Metáfora: criação divina

"A metáfora é provavelmente a potência mais fértil que o homem possui. A sua eficiência chega a raiar os confins da taumaturgia e parece uma ferramenta de criação que Deus deixou esquecida dentro de uma das suas criaturas na ocasião em que a formou, como o cirurgião distraído deixa um instrumento no ventre do operado.
Todas as demais potências nos mantêm inscritos no interior do real, do que já é. O mais que podemos fazer é somar ou subtrair as coisas entre si. Só a metáfora nos facilita a evasão e cria entre as coisas reais recifes imaginários, floração de leves ilhas.
É verdadeiramente estranha a existência no homem desta atividade mental que consiste em substituir uma coisa por outra, não tanto no esforço de chegar à segunda como no intento de esquivar a primeira. A metáfora escamoteia um objeto mascarando-o por meio de outro, e não teria sentido se não víssemos nela um instinto que induz o homem a evitar as realidades.
Ao interrogar-se sobre qual poderia ser a origem da metáfora, um psicólogo recentemente descobriu, surpreendido, que uma das suas raízes se encontra no espírito do tabu. Houve uma época em que o medo foi a máxima inspiração humana, uma idade dominada pelo terror cósmico. Durante essa época, faz-se sentir a necessidade de evitar certas realidades que, por outro lado, são incontornáveis. O animal mais frequente no país, e do qual a alimentação depende, adquire um prestígio sagrado. Esta consagração traz consigo a ideia de que não se lhe pode tocar com as mãos. Que faz, então, para comer o índio Lilloet? - Agacha-se e cruza as mãos por baixo das nádegas. Assim já pode comer, porque as mãos por baixo das nádegas são metaforicamente dois pés. Há aqui um tropo de ação, uma metáfora elementar anterior à imagem verbal que tem origem no esforço por evitar a realidade.
E como a palavra para o homem primitivo é um pouco a coisa nomeada, sobrevém a exigência de não se nomear o objeto tremendo sobre o qual o "tabu" recaiu. Daí que esse objeto seja designado pelo nome de outra coisa, visado de forma larvar e sub-reptícia. Deste modo, o polinésio, que nada deve nomear do que pertence ao rei, quando vê arder os archotes do seu palácio-cabana, terá de dizer: "O raio arde nas nuvens do céu". Eis a elisão metafórica. Obtido sob esta forma a partir do tabu, o instrumento metafórico pode ser depois usado com os mais diversos fins. Um deles, o que predominou na poesia, era o de enobrecer o objeto real. A imagem similar era usada numa intenção decorativa, para adornar e revestir a realidade amada. Seria curioso inquirir se na nova inspiração poética - enquanto a metáfora se torna substância em vez de adorno - não se observará um insólito prevalecer da imagem que denigre, que, em lugar de enobrecer e realçar, rebaixa e humilha a pobre realidade. Li, há pouco tempo ainda, num poeta jovem que o raio é um metro de carpinteiro e as árvores despidas de folhas do Inverno, escovas que varrem o céu. A arma lírica vira-se contra as coisas naturais e fere-as ou assassina-as."
Ortega y Gasset, in A Desumanização da Arte

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Microconto


“- Eu não te amo mais.
– O quê? Fale mais alto, a ligação está horrível!”
Jorge Furtado, in Os cem menores contos brasileiros do século

Cui prodest? Cui bono?

Antigamente, na faculdade de Direito, pelo menos na Bahia, a gente encarava Direito Romano logo no primeiro ano. No vestibular entrava latim, que já tinha sido ministrado durante todo o então curso secundário. Mas a maior parte do pessoal não aprendia a língua, propriamente. O comum era decorar às vezes traduções inteiras, em edições bilíngues das Catilinárias, da Eneida e de De Bello Gallico. Quando chegávamos ao Direito Romano, a decoreba se estendia a brocardos e máximas jurídicas, que a gente salpicava nas provas para impressionar o professor e declamava nos concursos de oratória que todo ano eram realizados, com torcida e grande empolgação. E, claro, gastávamos farto latinório nos corredores da faculdade e para impressionar terceiros, pois onde já se viu bacharel baiano que volta e meia não solte um latinzinho, se bem que, hoje em dia, o que me contam é que a maior parte dos bacharéis se forma sem saber se expressar nem em português, quanto mais latim. Deve ser maledicência e, de qualquer forma, não vem ao caso.
Mas não foi nas aulas de Direito Romano que pela primeira vez prestei atenção no cui prodest e no cui bono, perguntas de sentido idêntico, feitas quando se busca saber quem se beneficia de determinada situação - a quem aproveita, quem ganha? Foi um pouco depois, quando começamos a estudar Direito e Processo Penal e nos apresentaram casos e julgamentos de crimes misteriosos ou controvertidos. Um bom advogado ou promotor, ao ser confrontado com um desses crimes, ou mesmo qualquer crime, inclusive os aparentemente elucidados, devia deter-se algum tempo nessa indagação, que constituiria quase uma postura metodológica básica. "Cui prodest scelus, is fecit" era a frase de Sêneca que citávamos judiciosamente. Mais ou menos "aquele a quem o crime aproveita foi quem o cometeu".
Parece bastante simples e até intuitivo, condição que ninguém precisaria estudar para inferir. Mas, como sabemos, esta vida é cheia de surpresas e foi assim que, diante de uma notícia que vi num noticiário de televisão, me ocorreu que a perguntinha não é feita tão frequentemente quanto se suporia. Ou então não é feita de jeito nenhum. A matéria era sobre o roubo de uma carga de cigarros no Rio de Janeiro, se não me engano na Avenida Brasil, em que houve até tiroteio e morreu gente. Mais bandidos, pensamos diante da tevê. É, mais bandidos, mais assaltantes, ladrões e assassinos, polícia neles.
Certo, mas onde fica a perguntinha? Acho que os ladrões de cigarros, se tivessem conseguido levar o caminhão, não iam montar uma barraquinha na rua Uruguaiana, ou sair oferecendo pacotes de cigarros de casa em casa, a preços de ocasião. Ou seja, os ladrões obviamente ganham com um roubo bem-sucedido, mas quem ganha são apenas eles? Claro que não, pois, como acontece em outros ramos do comércio, quem deve lucrar bem mais não é o "produtor", mas o atravessador. Alguma empresa ou organização capaz de vender os cigarros "legalmente" está, com certeza, por trás de todos os roubos de cigarros. Não existe loja ou boteco que anuncie cigarros roubados, logo parte do que se compra e vende na praça como legítimo é roubada. E ninguém estoca cigarros para investir.
Todos os outros roubos de mercadorias também têm que ser vistos nessa ótica. Roubaram uma carreta cheia de máquinas de lavar. Novamente se pergunta: os ladrões vão sair de casa em casa, oferecendo máquinas de lavar? Ou computadores, ou televisores, ou liquidificadores? Vão vendê-los na feira? Não vão. Esses aparelhos estarão expostos nas vitrines de alguma loja ou cadeia de lojas, para serem vendidos livremente, quem sabe se em alguma promoção sensacional, sem juros e com o primeiro pagamento depois do carnaval do próximo ano. Evidentemente que não estou acusando nenhuma loja ou cadeia em especial, mas não vejo como as coisas podem deixar de ser assim.
A velha pergunta, portanto, não é feita. E, como perguntar não ofende, por que as investigações, que eu saiba, nunca descobriram essas e outras lojas, das quais deve haver alguns milhares pelo Brasil afora, ou em países com que temos fronteiras? De novo, não posso fazer acusações, mas somente levantar suspeitas perfeitamente lógicas. A quem aproveita não haver investigações? Em primeiro lugar às lojas, mas, logo em seguida, a quem não faz as perguntas, as autoridades que deveriam buscar e flagrar as mercadorias receptadas. Se não buscam nem flagram, é justo desconfiar que algumas mãozonas estão sendo molhadas nesse processo todo, talvez até agentes municipais, estaduais e federais, numa esplêndida operação federativa, que só faz dizer bem da criatividade e da capacidade de trabalhar em conjunto do brasileiro, além da solidez de nossas instituições delinquentes.
Há exemplos ainda mais interessantes, como o caso dos remédios. Até imagino algum ladrão de carga vendendo um laptop na feira de Caruaru, mas remédio, inclusive de tarja preta, é bem mais difícil. Creio que nenhum de vocês deixa de tomar conhecimento, periodicamente, do roubo de um caminhão enorme, carregado de remédios. Que é que fazem com tanto remédio? Como ganham dinheiro com isso? Quanta gente, de farmácias a farmacêuticos ou outros profissionais de saúde, está envolvida nesses roubos? Como é que se desova, sem problemas com a lei, esse material todo? Quem está implicado em todos os processos postos em ação por esses e muitos outros crimes? Enfim, cui prodest? Perguntinha chata, assim como é chata a afirmação de Sêneca. E o pior é que, se a fizermos em relação a alguns dos grandes males brasileiros, as respostas poderão ser até mais inquietantes, porque alguém está sendo beneficiado por eles - e não somos nós.
João Ubaldo Ribeiro, in www.estadao.com.br, de 28/04/2013

A crítica justa e merecida

“Uma das formas mais universais de irracionalidade é a atitude tomada por quase toda a gente em relação às conversas maldizentes. Muito poucas pessoas sabem resistir à tentação de dizer mal dos seus conhecimentos e mesmo, se a ocasião se proporciona, dos seus amigos; no entanto, quando sabem que alguma coisa foi dita em seu desabono, enchem-se de espanto e indignação. Certamente nunca lhes ocorreu ao espírito que da mesma forma que dizem mal de não importa quem, alguém possa dizer mal deles. Esta é uma forma atenuada da atitude que, quando exagerada, conduz à mania da perseguição.
Exigimos de toda a gente o mesmo sentimento de amor e de profundo respeito que sentimos por nós próprios. Nunca nos ocorre que não devemos exigir que os outros pensem melhor de nós do que nós pensamos a respeito deles e não nos ocorre porque aos nossos olhos os méritos são grandes e evidentes ao passo que os dos outros, se na realidade existem, só são reconhecidos com certa benevolência. Quando o leitor ouve dizer que alguém disse qualquer coisa desprimorosa a seu respeito, lembra-se logo das noventa e nove vezes que reprimiu o desejo de exprimir, sobre esse alguém, a crítica que considerava justa e merecida, e esquece-se da centésima vez em que, num momento de desatenção, afirmou a respeito dele o que julgava ser a verdade. Esta é a recompensa, perguntará a si próprio, de toda a minha longa indulgência? O problema, visto do lado oposto, apresenta-se de uma forma diferente: ele nada sabe das noventa e nove vezes em que o leitor se calou, conhece apenas a centésima vez em que falou."
Bertrand Russell, in A Conquista da Felicidade

domingo, 28 de abril de 2013

O universo lírico do cordel é retratado em documentário

O documentário “Cordelíricas Nordestinas” foi lançado ontem em Mossoró, durante a programação de abertura do projeto “Estação do Repente”, na Estação das Artes Elizeu Ventania, às 20h.  Produzido pelo coletivo Caminhos Comunicação & Cultura, o documentário retrata a poesia popular, reunindo depoimentos de poetas e pesquisadores sobre os aspectos e a história do Cordel.

O cordelista Antônio Francisco conduz momentos da narrativa
O cordelista Antônio Francisco conduz momentos da narrativa

Com aproximadamente 50 minutos de duração, o documentário destaca a figura do poeta sertanejo e os diversos elementos que compõem a Literatura de Cordel, em uma espécie de passeio poético. Guiando essa jornada, estão o poeta mossoroense Antônio Francisco, um dos cordelistas de grande destaque no Nordeste, e o poeta Crispiniano Neto, que escreve versos há cerca de 20 anos.
A tradição do cordel, as normas técnicas, a métrica, a poética, as xilogravuras, entre outros aspectos são evidenciados através de depoimentos de cordelistas e também de pesquisadores da cultura popular com foco no cordel nordestino.
Para o projeto, foram entrevistados mais de 30 nomes representativos do cordel do Rio Grande do Norte e de outros estados nordestinos. Entre eles, os paraibanos Medeiros Braga, cordelista que publicou vários livros e mais de 80 títulos em cordel, e o escritor Bráulio Tavares, que além de compositor, também é cordelista e pesquisador dessa arte.
A equipe também ouviu repentistas, com destaque para o pernambucano José Edinaldo dos Santos, mais conhecido como o   Ceguinho Aboiador.
Além de Natal e Mossoró, a equipe realizou filmagens nos municípios de Parnamirim, Acari, Serra do Mel, Sítio Novo, Caraúbas, Santa Cruz e Venha-Ver.
O documentário Cordelíricas Nordestinas foi financiado com recursos do Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel do Ministério da Cultura, na edição 2010, que homenageia o poeta Patativa do Assaré.
Fonte: www.tribunadonorte.com.br

Das utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo pra não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica das estrelas!
Mário Quintana

O traço perfeito do ilustrador Benício

José Luiz Benício, ou simplesmente Benício, é um grande ilustrador brasileiro, famoso pelos cartazes de cinema, capas de livros e de Lps. Veja alguns dos trabalhos desse ilustrador, famoso pelo traço de suas mulheres perfeitas: 















Fama: contradição

"A celebridade é uma contradição. Parecendo que dá valor e força às criaturas, apenas as desvaloriza e enfraquece."
Fernando Pessoa

Uma vida simples e natural

“Minha condição humana me fascina. Conheço o limite de minha existência e ignoro por que estou nesta terra, mas às vezes o pressinto. Pela experiência cotidiana, concreta e intuitiva, eu me descubro vivo para alguns homens, porque o sorriso e a felicidade deles me condicionam inteiramente, mas ainda para outros que, por acaso, descobri terem emoções semelhantes à minha.
E cada dia, milhares de vezes, sinto minha vida – corpo e alma – integralmente tributária do trabalho dos vivos e dos mortos. Gostaria de dar tanto quanto recebo e não paro de receber. Mas depois experimento o sentimento satisfeito de minha solidão e quase demonstro má consciência ao exigir ainda alguma coisa de outrem. Vejo os homens se diferenciarem pelas classes sociais e sei que nada as justifica a não ser pela violência. Sonho ser acessível e desejável para todos uma vida simples e natural, de corpo e de espírito.”
Albert Einstein, in Como vejo o mundo

sábado, 27 de abril de 2013

Jabs

Não gostava muito dos animais
achava-os burros, ignorantes, simplórios
andava encantada com as descobertas humanas
hoje não gosta muito do mundo que descobriu
e o que importa é o afeto com que corta
a casca de meio mamão e pica duas folhas
de alface todas as manhãs para o jabuti.
Maria Cecília Brandi

'Futebol-Arte' reúne imagens de 'peladas' nos 27 Estados do Brasil

Futebol-Arte: do Oiapoque ao Chuí, novo livro do fotógrafo Caio Vilela, registra peladas nos 27 Estados do Brasil. Ao fotografar esses amistosos, no sentido mais puro da palavra, Vilela apresenta a diversidade do país e as suas semelhanças quando o assunto é futebol.
Com prefácio de Zico e texto de Eduardo Petta, a edição com capa e bilíngue (português-inglês) mostra que nem mesmo as tempestades do Oiapoque são capazes de impedir uma partida.
Geógrafo, jornalista e fotógrafo, Vilela escreve e fotografa profissionalmente desde 1994 e já produziu reportagens em mais de 50 países. Autor de Futebol sem Fronteiras, ele fotografou "peladas" em mais de 80 países.
Abaixo, veja algumas imagens de Futebol-Arte:

Futebol-Arte: Oiapoque

Futebol-Arte: Xapuri

Futebol-Arte: Conceição do Araguaia

Futebol-Arte: Alto Paraíso

Futebol-Arte: Olinda

Futebol-Arte: Santa Terezinha


Futebol-Arte: Bahia

Futebol-Arte: São Paulo

Futebol-Arte: Rio

Futebol-Arte: Chuí

Fonte: www.folha.uol.com.br

Nova pesquisa traz à luz cartas que revelam um Graciliano Ramos gregário e cordial

Em Maceió, nos anos 1930, o escritor Graciliano Ramos, morto há 60 anos, era decano de uma turma de jovens intelectuais da qual faziam parte o poeta Aloísio Branco, o ilustrador Tomás Santa Rosa e o filólogo Aurélio Buarque de Holanda. Por este motivo, ganhou o apelido jocoso de "o velho Graça".
Quando mudou-se para o Rio, passou a frequentar a livraria José Olympio e conheceu a nata da intelectualidade na então capital.
Mais tarde filiou-se ao Partido Comunista, chegando a se candidatar a deputado federal. Esta trajetória não impediu que Graciliano, homenageado da Flip deste ano, mantivesse fama de homem fechado, tímido e de raros amigos.

Sob o olhar de Graciliano Ramos (sentado), Luís Carlos Prestes (dir.) entrega a Cândido Portinari ficha de filiação ao PCB, nos anos 1940
Sob o olhar de Graciliano Ramos (sentado), Luís Carlos Prestes (dir.) entrega a Cândido Portinari ficha de filiação ao PCB, nos anos 1940 – Acervo Projeto Portinari

Folclore que ele próprio alimentava com sua intolerância a intimidades gratuitas ou a gestos derramados. Esta imagem é colocada em cheque na recente pesquisa que reuniu a correspondência do escritor.
De 1909 a 1952, ele recebeu ou enviou cartas para 106 correspondentes, número que surpreende e contradiz sua fama de casmurro. Nelas, surge um Graciliano amigo, cordial, interessado pelos problemas literários e políticos do seu tempo, e sempre irônico e afiado em suas críticas.
O levantamento foi feito pela pesquisadora da USP Ieda Lebensztayn, com orientação de Marcos Antonio de Moraes, e será publicado em livro este ano. Foram localizadas 160 cartas inéditas, entre a correspondência ativa e passiva.
Sua rede de contatos engloba desde figuras da extrema direita como o católico Alceu Amoroso Lima a gente de extrema esquerda como o líder comunista Luís Carlos Prestes. Entre os interlocutores também estão Jorge Amado, José Lins do Rego, Cândido Portinari, Nelson Werneck Sodré e Cyro dos Anjos.
"Diziam que ele era um homem isolado e seco, mas estas cartas mostram o contrário", diz Lebensztayn.
A primeira reunião da correspondência de Graciliano Ramos foi publicada em 1980. O livro trazia cartas envidas a familiares e a um único amigo, Joaquim Pinto da Mota Lima. Nelas transparecia um escritor apaixonado pela esposa e devoto da família.
Mas a reserva e o isolamento social continuavam sendo uma característica marcante, como comentou o poeta
Lêdo Ivo sobre aquela coletânea: "Os elementos básicos da sua personalidade - o individualismo cerrado, o pessimismo visceral, o ensimesmamento, um sentimento de desvalor pessoal que tende à autodestruição - se destacam sempre nestes contatos".
A correspondência agora reunida traz informações muitas vezes fragmentárias, mas ajuda a relativizar cada um destes traços.
Marcelo Bortoloti, in www.folha.uol.com.br

O céu e o inferno

Cheguei a Bluefields, no litoral da Nicarágua, no dia seguinte a um ataque dos contras. Havia muitos mortos e feridos. Eu estava no hospital quando um dos sobreviventes do tiroteio, um garoto, despertou da anestesia: despertou sem braços, olhou o médico e pediu:
— Me mate.
Fiquei com um no nó estômago.
Naquela noite, noite atroz, o ar fervia de calor. Eu me estendi num terraço, sozinho, olhando o céu. Não longe dali, a música soava forte. Apesar da guerra, apesar de tudo, a cidade de Bluefields estava celebrando a festa tradicional do Paio de Mayo. A multidão dançava, jubilosa, ao redor da árvore cerimonial. Mas eu, estendido no terraço, não queria escutar a música nem queria escutar nada, e estava tentando não sentir, não recordar, não pensar: em nada, em nada de nada. E estava naquilo, espantando sons e tristezas e mosquitos, com os olhos pregados na noite alta, quando um menino de Bluefields, que eu não conhecia, estendeu-se ao meu lado e começou a olhar o céu, como eu, em silêncio.
Então, passou uma estrela cadente. Eu podia ter pedido um desejo; mas não lembrei.
O menino me explicou:
— Você sabe por que as estrelas caem? A culpa e de Deus. Deus gruda elas mal. Ele gruda as estrelas com cola de arroz.
Amanheci dançando.
Eduardo Galeano, in O livro dos abraços

O "eu" não é uma unidade

“Pretender que a nossa personalidade seja móvel e susceptível de grandes mudanças é, por vezes, noção um pouco contrária às ideias tradicionais atinentes à estabilidade do ‘eu’. A sua unidade foi durante muito tempo um dogma indiscutível. Fatos numerosos vieram provar quanto esta ideia era fictícia.
O nosso ‘eu’ é um total. Compõe-se da adição de inumeráveis ‘eu’ celulares. Cada célula concorre para a unidade de um exército. A homogeneidade dos milhares de indivíduos que o compõem resulta somente de uma comunidade de ação que numerosas coisas podem destruir. É inútil objetar que a personalidade dos seres parece, em geral, bastante estável. Se ela nunca varia, com efeito, é porque o meio social permanece mais ou menos constante. Se subitamente esse meio se modifica, como em tempo de revolução, a personalidade de um mesmo indivíduo poderá transformar-se por completo. Foi assim que se viram, durante o Terror, bons burgueses reputados pela sua brandura tornarem-se fanáticos sanguinários. Passada a tormenta e, por conseguinte, representando o antigo meio e o seu império, eles readquiriram sua personalidade pacifica. Desenvolvi, há muito tempo, essa teoria e mostrei que a vida dos personagens da Revolução era incompreensível sem ela.
De que elementos se compõe o ‘eu’, cuja síntese constitui a nossa personalidade? A psicologia é muda nesse particular. Sem pretender precisar muito, diremos que os elementos do ‘eu’ resultam de um resíduo de personalidades ancestrais, isto é, criadas pela série completa das nossas existências anteriores. O ‘eu’, repito, não é uma unidade, mas o total dos milhões de vidas celulares das quais o organismo está formado. Elas podem provocar numerosas combinações.
Excitações emocionais violentas, certos estados patológicos observáveis nos médiuns, nos extáticos, nos indivíduos hipnotizados, etc., fazem variar essas combinações e, por conseguinte, determinam, pelo menos momentaneamente, no mesmo ente, uma personalidade diversa, inferior ou superior à superioridade ordinária. Todos possuímos possibilidades de ação que ultrapassam a nossa capacidade habitual e que certas circunstâncias virão despertar.
Gustave Le Bon, in As Opiniões e as Crenças

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Acerca da reputação

“Tudo o que nos proporciona uma certa elevação em relação aos outros porque nos torna mais perfeitos, como, por exemplo, a ciência e a virtude, ou porque nos confere uma certa autoridade sobre eles tornando-nos mais poderosos, como as honras e as riquezas, parece fazer-nos independentes em certa medida. Todos os que estão abaixo de nós nos temem e reverenciam; estão sempre prontos a fazer o que nos agrada para a nossa preservação, e não ousam prejudicar-nos ou resistir aos nossos desejos. [...] A reputação de ser rico, culto e virtuoso produz na imaginação daqueles que nos cercam ou dos que nos são mais íntimos disposições de espírito que são muito vantajosas para nós. Ela deixa-os prostrados aos nossos pés; instiga-os a nos agradar; inspira neles todos os impulsos que tendem à preservação da nossa pessoa e ao aumento da nossa grandeza. Assim, os homens preservam a sua reputação tanto quanto necessário a fim de viver confortavelmente neste mundo.”
Nicolas Malebranche, in Procura da Verdade

Marcelo Jeneci - Feito pra Acabar



Quem me diz
Da estrada que não cabe onde termina
Da luz que cega quando te ilumina
Da pergunta que emudece o coração.

Quantas são
As dores e alegrias de uma vida
Jogadas na explosão de tantas vidas
Vezes tudo que não cabe no querer.

Vai saber
Se olhando bem no rosto do impossível
O véu, o vento o alvo invisível
Se desvenda o que nos une ainda assim
A gente é feito pra acabar
Ah Ah.

A gente é feito pra dizer
Que sim
A gente é feito pra caber
No mar
E isso nunca vai ter fim
Uh Uhhh.

Uma breve história do western

O western é o gênero mais completo e cultuado da sétima arte que remete o início das fundamentações políticas, sociais e culturais dos Estados Unidos como uma nação.

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O Grande Roubo do Trem (Edwin S. Porter, 1907)

A primeira obra conhecida do gênero foi o filme ''Kit Carson',' mas foi a obra O Grande Roubo do Trem (The Great Train Robbery), de 1907, que selou o gênero nos anais da história do cinema. Este filme não é só um marco do western, mas também é um marco do cinema mundial, pois provou que o cinema poderia ser uma nova forma de arte. O filme foi dirigido por Edwin S. Porter (1870 - 1941) que antes de se tornar o pioneiro da sétima arte, foi operador de câmera de Thomas Edson (1847 - 1931) que foi quem inventou o cinetógrafo, a primeira câmera cinematográfica bem sucedida e funcional. Assim o gênero evoluiu e grandes obras-primas foram feitas, a primeira foi o filme da era do cinema mudo ''Vento e Areia'' (The Wind , 1928) dirigido pelo pai do cinema sueco, o genial Victor Sjöström (1879 - 1960). A época de ouro do Western nos EUA começou ao final dos anos 1930, e durou até o final dos anos 1950.
O filme que definiu e popularizou o gênero foi a primeira obra-prima de John Ford (1894 - 1973), Nos Tempos das Diligências (Stagecoach, 1939) que trazia o jovem e desconhecido John Wayne (1907 - 1979), o transformando num astro internacional. Este filme foi o primeiro que John Ford gravou no Monument Valley, uma reserva ambiental dos índios Navajo. Depois disto, John Wayne firmou uma amizade e uma colaboração profissional com John Ford que duraria 50 anos. Foram os filmes do cineasta, que era um fervoroso defensor do estilo de vida norte-americano, que fizeram de John Wayne uma lenda nos EUA, um ícone cultuado por milhares de estadunidenses até os dias atuais. Os principais westerns que realizaram juntos foram as obras-primas do gênero Rastros de Ódio (The Searchers, 1956), Rio Grande (1950), O Homem que Matou Fascínora (The Man Who Shot Liberty Valance, 1962), Nos Tempos das Diligências (Stagecoach, 1939), Sangue de Herói (Fort Apache, 1948) e Legião Invencível (She Wore a Yellow Ribbon, 1948).

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Nos Tempos das Diligências (John Ford, 1939)

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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Um livro todo especial

“Estou à procura de um livro para ler. É um livro todo especial. Eu o imagino como a um rosto sem traços. Não lhe sei o nome nem o autor. Quem sabe, às vezes penso que estou à procura de um livro que eu mesma escreveria. Não sei. Mas faço tantas fantasias a respeito desse livro desconhecido e já tão profundamente amado. Uma das fantasias é assim. Eu o estaria lendo e de súbito, uma frase lida, com lágrimas nos olhos diria em êxtase de dor e de enfim libertação. Mas é que eu não sabia que se pode tudo, meu Deus!”
Clarice Lispector

Soneto LXXXVIII - Shakespeare

Quando me tratas mau e, desprezado,
Sinto que o meu valor vês com desdém,
Lutando contra mim, fico a teu lado
E, inda perjuro, provo que és um bem. 

Conhecendo melhor meus próprios erros,
A te apoiar te ponho a par da história
De ocultas faltas, onde estou enfermo;
Então, ao me perder, tens toda a glória. 

Mas lucro também tiro desse ofício:
Curvando sobre ti amor tamanho,
Mal que me faço me traz benefício, 

Pois o que ganhas duas vezes ganho.
Assim é o meu amor e a ti o reporto:
Por ti todas as culpas eu suporto.
William Shakespeare

Duas vezes

“Escrevemos para provar a vida duas vezes: no momento e em retrospecto.”
Anaïs Nin

Sobre escritor e político

“Um escritor é o contrário de um político. Por isso, geralmente, os escritores são péssimos políticos e vice-versa. Um bom político é alguém que enxerga um problema e lhe dá uma solução de forma bastante rápida. O escritor faz justamente o contrário: ele cria ou enxerga um problema onde ele não existia ou não era visto. Escrever é ver sempre um problema mais complexo do que os outros podem ver.”
Javier Cercas, em entrevista à Revista Metáfora - fevereiro de 2013

A história afasta-se veloz

“O verdadeiro rosto da história afasta-se veloz. Só podemos reter o passado como uma imagem que no instante em que se deixa reconhecer lança um clarão que não voltará a ver-se. ‘A verdade não nos escapará’ - esta frase de Gottfried Keller caracteriza com exatidão, na concepção da história que têm os historicistas, o ponto em que o materialismo histórico realiza o seu avanço através dessa imagem. Irrecuperável é, com efeito, toda a imagem do passado que corre o risco de desaparecer com cada instante presente que nela não se reconheceu. (A feliz notícia trazida pelo ofegante historiógrafo do passado sai de uma boca que, talvez no próprio instante em que se abre, fala já no vazio).”
Walter Benjamin, in Teses Sobre a Filosofia da História

Máquinas de escrever retrô

A Kasbah Mod Typewriters relançou máquinas de escrever com estilo retrô. O interesse está em agradar aos consumidores de desejam adquiri-las como objeto de decoração, que são símbolos de um passados não tão distante, e que no entanto não abrem mão do computador.

Continental Wanderer 350.

1950’s Olympia SM-3; Custom-Painted Bubblegum Pink by Kasbah Mod[ified].

Kasbah Mod Artist Series’ Mondrian Typewriter; custom-painted for Kasbah Mod[ified] by Luis “Zimad” Lamboy.


1950’s Hermes 3000; Made in Switzerland.

Kasbah Mod Artist Series’ Murakami Typewriter; custom-painted for Kasbah Mod[ified] by Luis “Zimad” Lamboy.

1970’s Olympia Traveler (Made in West Germany).

Kasbah Mod Artist Series’ Mid-Century Mod Typewriter; custom-painted for Kasbah Mod[ified] by Luis “Zimad” Lamboy.


Kasbah Mod Artist Series’ Miro Typewriter; custom-painted for Kasbah Mod[ified] by Luis “Zimad” Lamboy.

triplevision:

Just Add Paper ; - ))

The Ghost ™ by Kasbah Mod (Chrome-Plated 1950’s Smith Corona 5 Series).

1929 LC Smith & Corona Standard 8.

triplevision:

1929 Remington Model 3; Custom Painted by Kasbah Mod ; - ))

1950’s Smith Corona 5; Custom-Painted by Kasbah Mod[ified].

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