domingo, 31 de julho de 2011

Entretanto



Não vá agora, deixa eu melhorar
Não fique triste, tudo vai passar
É só ciúme, doença que contrai porque te amo demais
Mas também é loucura e loucura tem cura ciúme também
E paixão é o que me faz bem
Entretanto não vá
Não vá me abandonar
Você é o remédio
Que me tira do tédio, quando me faz amar
Não vá agora
Lembra do nosso abraço, beijo, sexo, demais
Lembra do nosso ninho, nosso cantinho
Que tanto desejo não posso desperdiçar
Lembra da nossa música
Entretanto não vá
Não vá me abandonar
Você é o mistério, que me tira do sério
Quando me faz amar
Entre e sente, entretanto não vá
Não vá me abandonar
Você é o remédio, que me tira do tédio
Quando me faz amar...
Entretanto...
Não vá...
Não vá embora...
Não vá amor...

Composição: Martnália e Mombaça

"Entre todas as diferentes expressões que podem anunciar um só de nossos pensamentos, há apenas uma que seja a boa. Não as encontramos sempre, falando ou escrevendo; todavia, é certo que ela existe".
  La Bruyère

Reinvenção


Eterna felicidade
É terna felicidade
Eterna feliz cidade
Éter na felicidade
É ter na felicidade
É ter na feliz cidade
E terna feliz cidade
Éter na feliz cidade
Etérea felicidade
É te ter, feliz cidade.


Elilson José Batista, in Inéditos & Afins

“Não sabemos onde a morte nos aguarda, esperamo-la em toda parte. Meditar sobre a morte é meditar sobre a liberdade. Quem aprendeu a morrer, desaprendeu a servir. Nenhum mal atingirá quem na existência compreender que a privação da vida não é um mal; saber morrer nos exime de toda sujeição e constrangimento”.
 Montaigne  

sábado, 30 de julho de 2011

Se eu fosse um dia o teu olhar



Frio
O mar
Por entre o corpo
Fraco de lutar
Quente,
O chão
Onde te estendo
Onde te levo a razão.
Longa a noite
E só o sol
Quebra o silêncio,
Madrugada de cristal.
Leve, lento, nu, fiel
E este vento
Que te navega na pele.
Pede-me a paz
Dou-te o mundo
Louco, livre assim sou eu
(Um pouco +...)
Solta-te a voz lá do fundo,
Grita, mostra-me a cor do céu.
Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
se eu fosse um dia o respirar
E tu perfume de ninguém. 
Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
se eu fosse um dia o respirar
E tu perfume de ninguém.
Sangue,
Ardente,
Fermenta e torna aos 
Dedos de papel.
Luz,
Dormente,
Suavemente pinta o teu rosto a
pincel.
Largo a espera,
E sigo o sul,
Perco a quimera
Meu anjo azul.
Fica, forte, sê amada,
Quero que saibas
Que ainda não te disse nada.
Pede-me a paz
Dou-te o mundo
Louco, livre assim sou eu
(Um pouco +...)
Solta-te a voz lá do fundo,
Grita, mostra-me a cor do céu.

Composição: Pedro Abrunhosa, cantor e compositor português

A função da arte/1

Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.

Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: — Me ajuda a olhar!

Eduardo Galeano, in O livro dos abraços

“Só nos momentos em que exerço minha liberdade é que sou plenamente eu mesmo; ser livre significa ser eu mesmo”.
  Jaspers

Pi

O admirável número pi:
três vírgula um quatro um.
Todos os dígitos seguintes são apenas o começo,
cinco nove dois porque ele nunca termina.
Não se pode capturá-lo seis cinco três cinco com um olhar,
oito nove com o cálculo,
sete nove ou com a imaginação,
nem mesmo três dois três oito comparando-o de brincadeira
quatro seis com qualquer outra coisa
dois seis quatro três deste mundo.
A cobra mais comprida do planeta se estende por alguns metros e acaba.
Também são assim, embora mais longas, as serpentes das fábulas.
O cortejo de algarismos do número pi
alcança o final da página e não se detém.
Avança, percorre a mesa, o ar, marcha
sobre o muro, uma folha, um ninho de pássaro, nuvens, e chega ao céu, 
até perder-se na insondável imensidão.
A cauda do cometa é minúscula como a de um rato!
Como é frágil um raio de estrela, que se curva em qualquer espaço!
E aqui dois três quinze trezentos dezenove 
meu número de telefone o número de tua camisa 
o ano mil novecentos e setenta e três sexto andar
o número de habitantes sessenta e cinco centavos
a medida da cintura dois dedos uma charada um código,
no qual voa e canta descuidado um sabiá!
Por favor, mantenham-se calmos, senhoras e senhores,
céus e terra passarão
mas não o número pi, nunca, jamais.
Ele continua com seu extraordinário cinco,
seu refinado oito,
seu nunca derradeiro sete, 
empurrando, arf, sempre empurrando a preguiçosa 
eternidade.

Wislawa Szymborka, poetisa polonesa. Tradução: Carlos Machado




“O governo civil é o remédio adequado para as inconveniências do estado de natureza, que certamente serão grandes, onde os homens possam ser juízes de suas próprias causas, já que com facilidade se pode imaginar que aquele que tenha sido tão injusto a ponto de prejudicar seu irmão facilmente será tão justo a ponto de se condenar por esse ato”.
Locke

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Vitória do futebol

Faz muito sentido: no Dia do twittaço do Fora Ricardo Teixeira, o melhor jogo do futebol brasileiro em anos: Flamengo 5 x 4 Santos. Um show de gols, lances, Ronaldinho Gaúcho e Neymar. Noventa minutos a 1000 dias de 2014 para mostrar que, dentro de campo, temos todo o jeito e modo que perdemos nas tribunas ditas de honra.
O Flamengo merecia seis pontos pela vitória sensacional e o Santos mais três por ter perdido e ainda jogado tanto futebol. Não importa ter levado a virada antológica depois de abrir três gols. O que vale é que as duas equipes honraram a sagrada Vila Belmiro com um jogo espetacular. Não importa que a formação mais ofensiva e desentrosada do Santos facilitou a virada, que uma atuação ruim da zaga rubro-negra facilitou a vida paulista tanto quanto Elano deu mote e mole para as críticas.
O que se viu de bola das duas equipes e, principalmente, de Neymar (em sua melhor exibição na carreira) e Ronaldinho (na melhor partida desde o Barcelona) é para guardar nos olhos. E aguardar dias e jogos melhores.
Obrigado, Flamengo e Santos, por tudo que ainda vibro. Lembrando um não menos espetacular São Paulo 3 x 4 Flamengo, no BR-82. Um jogo quase tão fenomenal como esse.
 Deveria falar um pouco mais de algumas questões táticas.
Mas não vou ser mais chato do que sou. Melhor falar do grande passe de Elano para o primeiro belo gol de Borges; a grande enfiada de Ganso para Neymar se virar com categoria para servir Borges; a arrancada sensacional de Neymar para tabelar com Borges, inventar algo do tipo de um elástico-da-vaca em Angelim, e marcar um gol do tamanho do Santos e do talento dele; melhor falar do Flamengo que levou três gols em 25 minutos na casa do campeão sul-americano, fez um, marcou outro, empatou; ainda melhor falar de outro golaço de Neymar, e de jogadas sensacionais da Joia santista; ainda melhor falar da jogada espetacular de Ronaldinho até ser derrubado, e bater uma falta rasteira, genial. Ainda mais impressionante citar a força rubro-negra, que evitou a primeira derrota e goleada com uma virada histórica.
Enfim, melhor falar do que não tem como dizer. Um show de futebol. Um clássico que vencedores e vencidos mereciam todos os pontos do Brasil.
Ah, sim. Em 2009, o Flamengo arrancou para o hexa vencendo o Santos. A história pode se repetir?
E vou doar o meu salário de hoje aos meus patrões. Não mereço ser pago por acompanhar um jogo tão prazeroso.

Por Mauro Beting, colunista do Yahoo! Esportes



“A primeira manifestação de consciência nascente é o desejo de morrer. Esta vida parece insuportável, e inatingível qualquer coisa. O desejo de partir deixa de ser vergonhoso: chegamos a rezar para que sejamos conduzidos da velha cela, que tanto odiamos, a uma nova, que ainda não aprendemos a odiar. Há nisso um traço de fé, pois sempre esperamos que durante a mudança de uma para a outra o Mestre haja por bem passar no corredor, contemplar o prisioneiro e dizer: 'Jamais fechem essa porta de novo, pois ele deverá vir quando eu o chamar'”.
Franz Kafka
  

Sentença para ser lida e entendida por um marceneiro



Processo Número: 0737/05
Quem Pede: José de Gregório Pinto
Contra quem: Lojas Insinuante Ltda, Siemens Indústria Eletrônica S.A e Starcell Computadores e Celulares.

Vou direto ao assunto.
O marceneiro José de Gregório Pinto, certamente pensando em facilitar o contato com sua clientela, rendeu-se à propaganda da Loja Insinuante de Coité e comprou um telefone celular, em 19 de abril de 2005, por suados cento e setenta e quatro reais.
Leigo no assunto, é certo que não fez opção por fabricante. Escolheu pelo mais barato ou, quem sabe até, pelo mais bonitinho: o tal Siemens A52. Uma beleza!
Com certeza foi difícil domar os dedos grossos e calejados de marceneiro com a sensibilidade e recursos do seu Siemens A52, mas o certo é que utilizou o aparelhinho até o mês de junho do corrente ano e, possivelmente, contratou muitos serviços. Uma maravilha!
Para sua surpresa, diferente das boas ferramentas que utiliza em seu ofício, em 21 de junho, o aparelho deixou de funcionar. Que tristeza: seu novo instrumento de trabalho só durou dois meses. E olha que foi adquirido legalmente nas Lojas Insinuante e fabricado pela poderosa Siemens…..Não é coisa de segunda-mão, não! Consertado, dias depois não prestou mais… Não se faz mais conserto como antigamente!
Primeiro tentou fazer um acordo, mas não quiseram os contrários, pedindo que o caso fosse ao Juiz de Direito.
Caixinha de papelão na mão, indicando que se tratava de um telefone celular, entrou seu Gregório na sala de audiência e apresentou o aparelho ao Juiz: novinho, novinho e não funciona. De fato, o Juiz observou o aparelho e viu que não tinha um arranhão.
Seu José Gregório, marceneiro que é, fabrica e conserta de tudo que é móvel. A Starcell, assistência técnica especializada e indicada pela Insinuante, para surpresa sua, respondeu que o caso não era com ela e que se tratava de “placa oxidada na região do teclado, próximo ao conector de carga e microprocessador.” Seu Gregório: o que é isto? Quem garante? O próprio que diz o defeito diz que não tem conserto…

Para aumentar sua angústia, a Siemens disse que seu caso não tinha solução neste Juizado por motivo da “incompetência material absoluta do Juizado Especial Cível – Necessidade de prova técnica.”Seu Gregório: o que é isto? Ou o telefone funciona ou não funciona! Basta apertar o botão de ligar. Não acendeu, não funciona. Prá que prova técnica melhor?

Disse mais a Simens: “o vício causado por oxidação decorre do mau uso do produto.” Seu Gregório: ora, o telefone é novinho e foi usado apenas para falar. Para outros usos, tenho outras ferramentas. Como pode um telefone comprado na Insinuante apresentar defeito sem solução depois de dois meses de uso? Certamente não foi usado material de primeira. Um artesão sabe bem disso.

O que também não pode entender um marceneiro é como pode a Siemens contratar um escritório de advocacia de São Paulo, por pouco dinheiro não foi, para dizer ao Juiz do Juizado de Coité, no interior da Bahia, que não vai pagar um telefone que custou cento e setenta e quatro reais? É, quem pode, pode! O advogado gastou dez folhas de papel de boa qualidade para que o Juiz dissesse que o caso não era do Juizado ou que a culpa não era de seu cliente! Botando tudo na conta, com certeza gastou muito mais que cento e setenta e quatro para dizer que não pagava cento e setenta e quatro reais! Que absurdo!

A loja Insinuante, uma das maiores e mais famosas da Bahia, também apresentou escrito de advogado, gastando sete folhas de papel, dizendo que o caso não era com ela por motivo de“legitimatio ad causam”, também por motivo do “vício redibitório e da ultrapassagem do lapso temporal de 30 dias” e que o pobre do seu Gregório não fez prova e então “allegatio et non probatio quasi non allegatio.”
E agora seu Gregório?
Doutor Juiz, disse Seu Gregório, a minha prova é o telefone que passo às suas mãos! Comprei, paguei, usei poucos dias, está novinho e não funciona mais! Pode ligar o aparelho que não acende nada! Aliás, Doutor, não quero mais saber de telefone celular, quero apenas meu dinheiro de volta e pronto!
Diz a Lei que no Juizado não precisa advogado para causas como esta. Não entende seu Gregório porque tanta confusão e tanto palavreado difícil por causa de um celular de cento e setenta e quatro reais, se às vezes a própria Insinuante faz propaganda do tipo: “leve dois e pague um!” Não se importou muito seu Gregório com a situação: um marceneiro não dá valor ao que não entende! Se não teve solução na amizade, Justiça é para isso mesmo!

Está certo Seu Gregório: O Juizado Especial Cível serve exatamente para resolver problemas como o seu. Não é o caso de prova técnica: o telefone foi apresentado ainda na caixa, sem um pequeno arranhão e não funciona. Isto é o bastante! Também não pode dizer que Seu Gregório não tomou a providência correta, pois procurou a loja e encaminhou o telefone à assistência técnica. Alegou e provou!
Além de tudo, não fizeram prova de que o telefone funciona ou de que Seu Gregório tivesse usado o aparelho como ferramenta de sua marcenaria. Se é feito para falar, tem que falar!
Pois é Seu Gregório, o senhor tem razão e a Justiça vai mandar, como de fato está mandando, a Loja Insinuante lhe devolver o dinheiro com juros legais e correção monetária, pois não cumpriu com sua obrigação de bom vendedor. Também, Seu Gregório, para que o Senhor não se desanime com as facilidades dos tempos modernos, continue falando com seus clientes e porque sofreu tantos dissabores com seu celular, a Justiça vai mandar, como de fato está mandando, que a fábrica Siemens lhe entregue, no prazo de 10 dias, outro aparelho igualzinho ao seu. Novo e funcionando!
Se não cumprirem com a ordem do Juiz, vão pagar uma multa de cem reais por dia!
Por fim, Seu Gregório, a Justiça vai dizer a assistência técnica, como de fato está dizendo, que seu papel é consertar com competência os aparelhos que apresentarem defeito e que, por enquanto, não lhe deve nada.
À Justiça ninguém vai pagar nada. Sua obrigação é fazer Justiça!
A Secretaria vai mandar uma cópia para todos. Como não temos Jornal próprio para publicar, mande pelo correio ou por Oficial de Justiça.
Se alguém não ficou satisfeito e quiser recorrer, fique ciente que agora a Justiça vai cobrar.
Depois de tudo cumprido, pode a Secretaria guardar bem guardado o processo!
Por último, Seu Gregório, os Doutores advogados vão dizer que o Juiz decidiu “extra petita”, quer dizer, mais do que o Senhor pediu e também que a decisão não preenche os requisitos legais. Não se incomode. Na verdade, para ser mais justa, deveria também condenar na indenização pelo dano moral, quer dizer, a vergonha que o senhor sentiu, e no lucro cessante, quer dizer, pagar o que o Senhor deixou de ganhar.

No mais, é uma sentença para ser lida e entendida por um marceneiro.
Conceição do Coité - BA, 21 de setembro de 2005.
Gerivaldo Alves Neiva

Comparação

O parlamento na Finlândia tem 200 integrantes. Desse total, metade é de mulheres. Todos trabalham de segunda a sexta-feira, com folga apenas aos sábados e domingos.
A Finlândia, não por acaso, é líder mundial em índice de desenvolvimento humano.
No Brasil, temos 513 deputados federais e 81 senadores. Eles trabalham… Bem, você sabe.


“A vida é um pouco que fica da morte”.
  Walt Whitman

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Acaso



Não sei se o acaso quis brincar
Ou foi a vida que escolheu
Por ironia fez cruzar
O meu caminho com o seu
Eu nem queria mais sofrer
A agonia da paixão
Nem tinha mais o que esquecer
Vivia em paz na solidão
Mais foi te encontrar e o futuro
Chegou como um pressentimento
Meus olhos brilharam, brilharam
No escuro da emoção
Não sei se o acaso quis brincar
Ou foi a vida que escolheu
Por ironia fez cruzar
O seu caminho com o meu
Por ironia fez cruzar o seu caminho com o meu.

Composição: Abel Silva e Ivan Lins

César Camargo Mariano e Pedro Mariano: não por acaso pai e filho, piano e voz em magistral interpretação de um clássico da MPB.
"A inspiração existe, porém temos que encontrá-la trabalhando."
Pablo Picasso

Estar

Esferográficas cortam palavras
no céu da boca, como facas:
assim, letras inertes cedem ao tempo 
e calam sílabas agudas.

Pouco áspero
será o gomo de teu verso,
esse avesso do gesto,
a poesia na xícara de veneno.

Pouco o nítido sentir 
o líquido
de teu pressentimento 
como se fosse possível 
calar para sempre.

Nada senão a gilete enfiada na pele,
a face neutra do olhar enfermo:
enfim a planta na raiz de teu pomar,
enfim
o fim da espera, do estar.

Álvaro Alves de Faria, poeta paulistano

                 “Se em 40 horas de torturas um homem é capaz de não dizer aquilo que decidiu calar, as estrelas então, que exercem de tão longe seu influxo, nem as estrelas poderão dobrá-lo”.
Campanella, ao resistir a 40 horas ininterrupta de tortura da Inquisição romana

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Quase nada 120

Quase Nada 120
*Tira de Fábio Moon e Gabriel Bá, in 10paezinhos.blog.uol.com.br

“Aprendo a escrever todos os dias”.
  Buffon, aos 78 anos  

A Rosa de Hiroshima




Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada. 


Vinicius de Morais

“Nenhum homem é feliz, a não ser que acredite nisso”.
  Publíbio Siro, 50 a.C.